Se você gosta de música, mas não
tem nenhum conhecimento sobre o assunto e gostaria de aprender a escrever uma
ou simplesmente apreciar de forma correta aquilo que entra em seus ouvidos,
segue abaixo algumas explicações de como pode ser constituída uma música, no
caso uma canção popular (poesia + música). Ela pode ser divida do seguinte
modo:
1. Introdução
2. Verso
3. Pré-Refrão
4. Refrão
5. Solo
6. Ponte
7. Conclusão ou Coda
Sobre cada parte:
1. Introdução: É a parte
inicial da canção e pode ter várias funções, como por exemplo indicar o “clima”
da música, levar à memorização de uma determinada melodia que será reexposta
futuramente, etc... É uma parte que pode fazer o ouvinte se sentir motivado a
ouvir a música até o fim. É opcional.
2. Verso: É onde a temática
da canção se desenvolve, ou seja, se tenta passar a "mensagem" da
letra por meio de uma melodia. Normalmente a letra varia, mas a melodia
mantêm-se semelhante.
3. Pré-Refrão: É uma parte
que liga o Verso ao Refrão, como uma extensão do verso ou uma antecipação do
Refrão, usando das características de uma ou outra parte. É opcional.
4. Refrão: É a parte
central da canção. Costuma ter uma melodia de fácil memorização cuja letra se
mantém. Normalmente quando se pede para alguém cantar um trecho de determinada
música, é comum que se cante o Refrão. Também é repetido várias vezes ao longo
da canção.
5. Solo: Normalmente é um
solo instrumental e acontece depois da repetição do Refrão. Pode utilizar
partes da melodia do Refrão ou apresentar uma nova melodia que usa alguns
elementos importantes das melodias já apresentadas. É opcional.
6. Ponte: É uma parte
normalmente diferente de todo o resto da música que pode aparecer antes ou
depois do Solo ou antes da repetição final do Refrão, para citar alguns
exemplos. Pode trazer uma melodia, harmonia e ritmo diferentes do que foi
exposto até então, sem embora parecer deslocado do contexto, ou seja, ainda se
encaixa no que já foi ouvido. Serve principalmente para criar alguma variação e
tornar a música menos monótona. É opcional.
7. Conclusão ou Coda: Tem a
função de deixar óbvia a conclusão da música. Pode ser um pequeno solo
instrumental ou ser um pequeno trecho melódico que se repete até o fade out
(diminuição gradual da intensidade da música). É opcional.
Algumas partes normalmente se
repetem, como o Verso (que costuma manter a melodia mas mudar a letra) e
o Refrão (que costuma manter tanto a melodia quanto a letra). Outras
partes não precisam ser sempre usadas, como a Introdução, o Pré-refrão,
o Solo, a Ponte e a Coda.
Exceto a Introdução e a Coda (que indica o fim da música),
as outras partes podem mudar de posição. Observemos os exemplos abaixo:
Exemplo 1: Kid Abelha –
Nada Sei
Análise: Introdução – Verso –
Refrão – Verso 2 – Refrão – Solo – Refrão - Coda.
Exemplo 2: The Beatles -
You've Got To Hide Your Love Away
Análise: Verso – Verso 2 – Refrão
– Verso 3 – Verso 4 – Refrão – Solo/Coda.
Exemplo 3: The Verve Pipe -
Never Let You Down
Análise: Refrão – Verso –
Pré-refrão – Refrão – Verso 2 – Pré-refrão – Refrão - Solo – Refrão – Coda.
Exemplo 4: Capital Inicial
– Tudo que Vai
Análise: Introdução – Verso –
Refrão – Verso 2 – Refrão – Ponte – Refrão – Coda.
Exemplo 5: Bon Jovi –
Always
Análise: Introdução – Verso –
Pré-refrão – Refrão – Verso 2 – Pré-refrão – Refrão – Ponte – Solo – Pré-refrão
2 – Refrão – Coda.
Estas divisões se aplicam para a
maioria do repertório de música popular que ouvimos hoje em dia. Trata-se de
uma derivação da Forma-Canção que se originou na Idade Média. No entanto, para
indicar as partes de uma música eram utilizadas as letras “A” e “B” do
alfabeto. Assim, essa Forma-Canção possuía a seguinte estrutura: AA – B – AA –
B. Atualmente consideramos o A = Verso e o B = Refrão.
Alguns outros gêneros como a
música folclórica, as marchas de carnaval, a bossa nova e o choro utilizam
outras formas. São elas:
Forma
Unária
A forma
unária, ou forma em uma parte, é a estrutura mais simples que um conteúdo
musical pode apresentar. Canções folclóricas simples, como canções de ninar e
cantigas de roda, geralmente apresentam essa forma, pois são de fácil apreensão
pelas crianças. Canções infantis como Atirei o Pau no Gato, e Cai,
Cai, Balão são bons exemplos de uma forma simples em apenas uma parte.
Representamos graficamente essa forma apenas pela letra “A”. Se a canção repete
versos com letras diferentes, ou contém pequenas modificações melódicas nessas
repetições, isso pode ser representado no processo de análise por A, A’, A’’
(lê-se: “A linha”, “A duas linhas”, etc.), mas a forma total é apenas A.
Forma
Binária
A forma
binária possui uma estrutura em duas partes claramente diferenciadas (o prefixo
“bi” significa “dois”, como em biênio ou bilíngue). Ou seja, quando ao invés de
repetir a melodia (a mesma ideia musical), resolvemos criar uma parte
contrastante sem que seja um Refrão a ser repetido. A música passa a ter duas
partes de igual importância e então chamamos essa estrutura de Forma Binária.
A forma
binária pode ser abreviada pelas letras A (primeira parte) e B (parte
contrastante). Então temos uma forma: A B . Podemos citar a marchinha de
carnaval Mamãe Eu Quero.
Análise: Introdução – A – B –
Repetição de A e B - Solo – Repetição de
A e B – Coda.
Forma Ternária
A forma chamada de ternária é uma
extensão da forma binária. Também possui uma parte A (exposição), e uma parte
contrastante, a parte B. A diferença é que a música termina com um retorno à
parte A. Assim representamos a forma ternária da seguinte maneira: A B A. Podemos citar a música Garota de
Ipanema de Tom Jobim.
Análise: Introdução – A – B – A –
Solo, que toca a melodia de A – B – A – Coda.
Existem também outras formas em
três partes. A mais utilizada é aquela cujo esquema final é o A-B-C. Ou seja,
cada seção apresenta um material diferente. Essa forma é chamada de Forma
Tripartida.
Forma Rondó
Alterna uma parte principal,
chamada de A, com outras partes que tem material musical diferente de A. Ou
seja, a parte A é sucedida por uma parte B e depois é repetida. Após sua
repetição é sucedida por uma outra parte, agora chamada de C, pois é diferente
tanto de A quanto de B. Depois há o retorno de A. Nesse caso podemos chamar A
de refrão, afinal é sempre repetido. A estrutura fica assim: A-B-A-C-A. Existem
diversas formas rondós, algumas com vários episódios, como, por exemplo,
A-B-A-C-A-D-A-E-A. No entanto os tipos mais comuns de forma Rondó são os que
contem dois episódios, ou seja, A-B-A-C-A ou ainda A-B-A-C-A-B-A, onde o
episódio B retorna depois do C. Geralmente as demais seções têm caráter
contrastante. Em alguns rondós, o refrão pode sofrer ligeiras variações no seu
retorno (A B A’ C A” etc.), especialmente em rondós maiores, onde o compositor
introduz novidades para tornar a volta do tema principal mais interessante.
Podemos citar o famoso choro Odeon do compositor Ernesto Nazareth.
Análise: A (repetido 2x) – B – A –
C – A.
A Forma Binária, Ternária,
Tripartida e Rondó também podem ser encontradas no rock, pop entre outros
gêneros. É possível achar muitos exemplos, como Yesterday dos Beatles,
que possui uma Forma Binária. No entanto as estruturas e nomenclaturas mais
utilizada nos dias atuais são as expostas no início desse texto.
Esse texto também não deve ser
usado como única fonte de informações sobre Formas Musicais, já que é um breve
e superficial resumo. Assim, para ser prático e objetivo para iniciantes,
desconsidera alguns fatores importantes como as cadências harmônicas. Ainda,
parte desses dados são passíveis de outras interpretações, principalmente as
análises dos exemplos apresentados.